segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ato de amor: egoísta ou altruísta?

"Se uma mãe sacrifica a vida para que o filho possa viver, esse é um ato altruísta ou egoísta?" 

Bem, alguns respondem que é um ato altruísta, pois a mãe sacrificou algo que seria do interesse pessoal dela para que o filho pudesse viver. Outros respondem: é egoísta de qualquer jeito, pois mesmo que a mãe tenha sacrificado a própria vida, caso ela não tivesse sacrificado, como ela viveria com essa decisão e, além disso, a vida do filho não deixa de ser um interesse dela mesma. Mesmo assim, a palavra egoísta não da abertura para algo que sirva ao interesse do outro e, por isso, o defensor do altruísmo pode revidar que se a mãe tem um interesse que envolva mais do que ela própria, já não é egoísta e assim por diante... 

A pergunta se "atos de amor são atos altruístas ou egoístas" é uma pergunta ruim. Ela nos faz girar entre respostas que dizem que podemos fazer as coisas somente pelos outros, sem qualquer interesse pessoal, e respostas que decretam que sempre fazemos as coisas somente por nós mesmos. Seria melhor se tomássemos os atos de amor como atos que são feitos para a relação entre o eu e outra pessoa, para o "nós". Como defende meu amigo filósofo Paulo Ghiraldelli Jr., o amor é uma relação que cria um "nós". 

Dessa forma, borramos a diferença entre "egoísta" e "altruísta" e podemos dizer que todo ato de amor é um ato egoísta e altruísta ao mesmo tempo, ou, mais do que isso, um ato para o "nós", algo que é mais do que "só pra mim" ou "só pra você". Ampliamos o leque de possibilidades para o amor.

Isso também vale para o amor romântico. Na cama, se amo minha namorada, não quero só ter o prazer que ela pode me proporcionar, mas também dar prazer a ela. Faço isso por ela? Sim, pois é prazer pra ela. Por mim? Também! Pois dar prazer a ela é algo que, estando eu e ela numa relação amorosa, não deixa de me dar prazer também e, além disso, preserva algo de que eu mesmo participo, nossa própria relação. Ou seja, faço isso por ela e por mim: por "nós". Desse modo, a melhor pergunta não é se fiz algo "só por ela" ou "só por mim", mas se fiz por "nós".

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