quinta-feira, 29 de março de 2012

A Educação Física

Na minha época de colégio, a maior felicidade do menino pré-adolescente era o dia da Educação Física. "Porque não tinha aula de matemática com a professora ranzinza?". Não, não. Era isso também, mas não era só isso. A Ed. Física no meu antigo colégio, por vezes, ficava na última aula de sexta-feira, o que a tornava, além de tudo, um prólogo para um bom fim de semana acordando às dez da manhã, com direito a “bets” de tarde na rua com os amigos. Mas, mesmo que nenhum de nós sequer imaginasse naquela cabeça de menino que houvesse uma chamada "Teoria da Relatividade", sabíamos que o relógio ficava mais lento naquele dia. Até que a tão esperada hora da Ed. Física chegasse, principalmente durante a aula da velha chata, o maldito relógio ficava preguiçoso, parecia até que ia parar. Graças a Deus ele nunca parou e, por isso, a tão festejada hora da Ed. Física sempre chegava. 

Mas qual era a felicidade dos meninos com essa aula para além do expurgo da professora ranzinza e do anúncio do fim de semana? É que nessa idade, pelo menos na minha época, os meninos já estavam descobrindo, ou começavam a descobrir, que esse negócio de "menino contra menina" das professoras do primário era coisa do passado. Tudo bem, alguns até não descobriram naquele momento em específico, e alguns não descobriram até hoje, mas isso não vem ao caso. A alegria já começava quando a professora dava a ordem: "fila única pra sair de sala!". Aquela já era a chance de encoxar a gatinha da sala e, por que não, qualquer outra lindinha. E se você tem minha idade e estudou comigo não adianta dizer que isso não é verdade, porque chegava a ser até assunto depois da aula: "encoxei a Carol hoje na fila!". 

Depois disso, claro, íamos até a quadra e chegava a hora de jogar. Bem, alguns meninos jogavam futebol, outros basquete, mas passar a educação física inteira jogando qualquer coisa era desperdiçar um tempo precioso, pois na outra quadra estavam as meninas jogando vôlei. Aprendíamos ali que os shortinhos podem, sim, fazer qualquer menino endoidar e que ficar na arquibancada com as meninas que não estavam jogando no momento, deitar no colo delas, com a cabeça em cima das coxas e receber cafuné era melhor que futebol; era divino! Um selinho, então? Nossa, era como a promessa do céu! 

E no final da aula, claro, como a professora de Ed. Física das meninas via que estava cheio de meninos na sua quadra, com seus respectivos primeiros picos de testosterona à solta, propunha um jogo de queimada mista para dispersar aquela energia sexual, com meninos e meninas jogando juntos. Ali aprendíamos, também, os primeiros passos do cavalheirismo: ninguém taca uma bola de queimada forte numa menina linda pra ganhar o jogo, muito pelo contrário, a gente até as deixava queimarem a gente, tentando disfarçar: "Que pena! Perdi! Você ganhou!". Naquele momento percebíamos, mais uma vez, que era um milhão de vezes melhor jogar com as meninas do que contra elas.

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